CASINOS, TRAMPOLIM DOS NEGÓCIOS ILÍCITOS
O secretário de Estado do Interior, José Paulino Cunha da Silva, revelou que grande parte de suspeitas de branqueamento de capitais em Angola têm como palco a actividade comercial com os casinos na jogada.
Ogovernante que falava durante o acto de abertura do workshop sobre ‘Investigação financeira e branqueamento de capitais’, realizado pelo escritório das Nações Unidas em Angola para efectivos do Serviço de Investigação Criminal (SIC), indicou que muitoss comerciantes que aparentemente actuam de forma legal, ocultam dados para a transferência de capitais ilicitamente.
“Através do sistema financeiro, criam empresas fantasmas ou de fachada, usando contas em nome de outrem.
Assim ocorrem as transacções fictícias”, alertou, observando ainda que isso se passa nos casinos, mas também nos pontos fronteiriços.
Por causa dessa trama, e da sua complexidade, o governante instou os órgãos de investigação criminal a adoptar mecanismos mais aperfeiçoados que permitam que os resultados e avaliações do risco sejam mas eficazes e capazes de remover os obstáculos.
José Paulino da Silva lembrou os últimos resultados de uma operação realizada pelo SIC em que foram detidos alguns cidadãos expatriados que ilegalmente realizavam actividades de casino virtuais, tendo em conta que “geralmente os promotores criam casinos virtuais num determinado país, angariam clientes em outros países e instalam os equipamentos num terceiro Estado o que torna a investigação ainda mas complexa e de difícil detenção.
Por isso, indicou que “devemos prestar muita atenção à investigação financeira paralela contra o suspeito para impedir que transforme os seus bens ilícitos em lícitos’’.
CRIMINALIDADE
Por sua vez, o representante da União Europeia, Paulo Simões, constata que Angola continua a ser afectada pela criminalidade económica e financeira em diversas formas e dimensões, o que “têm compro metido profundamente os esforços de desenvolvimento sustentável e atrasado consideravelmente a sua recuperação económica e social”.
Mas apesar das adversidades, disse, Angola tem demonstrado uma vontade firme no sentido de se fortalecer e proteger contra esta tipologia de crimes, bem como de concertar com os seus vizinhos e parceiros internacionais para combater o crime.
E enumerou algumas conquistas alcançadas, como os progressos na legislação, com destaque para os domínios do branqueamento de capitais e financiamento ao ter rorismo, mas também o combate à corrupção, tráfico de estupefacientes, protecção de testemunhas entre outras matérias conexas.
O executivo da ONU reforçou ainda que o sistema de recuperação de activos permitiu a recolha dos muitos milhões que ouvimos estarem na posse do Estado, mas falta ainda aprimorar e recuperar muito mais, tanto no território nacional como no exterior.
“Temos vindo a melhorar a recolha e o tratamento de dados mas precisamos de aprofundar as estatísticas, como um elemento fundamental de credibilidade da nossa justiça, como também uma ferramenta essencial de trabalho’’, observou.
RECUPERAÇÃO DIFÍCIL
Por sua vez, o superintendente-chefe, Manuel Halaywa, garantiu que existem vários crimes de branqueamentos de capitais em Angola, ‘’como o crime de corrupção, tráfico de drogas, agressão ao ambiente, delitos financeiros”.
Como referiu, toda essa natureza de ilícitos sempre que estão em sede de investigação, o SIC faz o escrutínio em paralelo sobre os indícios de branqueamento de capitais. “Nesses crimes há sempre a mão de terceiros e tudo fazem para transferir de forma ilícita dinheiro do país”, completa, insistindo que ‘’existe um grande esforço na recuperação de activos”, reconhecendo que se trata de um trabalho muito oneroso que requer uma melhor preparação de todos os investigadores criminais que tratam dos crimes subjacentes ao branqueamento de capitais.
Fonte: Pungo a Ndongo