CHITUNDA: O ANGOLANO QUE DESENVOLVEU O “KEY BOOSTER“ – JOSÉ GAMA

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Terá sido uma da mentes mais brilhantes da história da UNITA. Estudou Geologia na Universidade do Arizona, nos EUA. Alguns dos seus colegas viriam a ser funcionários do Departamento de Estado, o que encarou como uma oportunidade para abertura de portas para a UNITA, um movimento de libertação ao qual aderiu em 1966. Baseado na capital dos Estados Unidos, passou a representar o seu movimento e, mais tarde, tornou-se mentor de jovens enviados a Washington como Alcides Sakala e Alfredo Cacunda, com os quais trabalhou.

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20 DE FEVEREIRO DE 1942 – 2 DE NOVEMBRO DE 1992

Além da política, ele chefiou o Departamento de Engenharia Industrial e de Minas de um empresa americana. Publicou obras de temas científicos sobre sistemas mecânicos de estabilização de escavações subterrâneas. Ainda nos EUA, foi notado por ter registrado uma patente chamada “Key Booster”, que consistia no uso de dinamites na indústria extrativa de forma horizontal.

No governo de transição, entre os três movimentos de libertação, foi nomeado Ministro dos Recursos Minerais pela UNITA e foi o único governante que apresentou um plano de governo para a sua área.

Jeremias Kalandula Chitunda, o protagonista desta história, deixou Washington para assumir outras responsabilidades na guerrilha, em meados da década de 80. Mesmo com a nova nomeação, Chitunda permaneceu cerca de seis meses na capital americana para apresentar e familiarizar o seu substituto, Tito Chingunji. No final dos anos 80, foi elevado a Vice-Presidente da UNITA, com a missão de cuidar da administração. Em certo momento, Savimbi terá lhe exigido mais, vendo-se obrigado a proferir uma palestra – com cunho de chamada de atenção – sobre o conceito de administração. Para Savimbi, administração em Washington, não era o mesmo que administrar a Jamba.

Após o clima eleitoral tenso de 1992, foi enviado do Huambo para Luanda para assinar o memorando que determinaria a segunda volta das eleições presidenciais. Mesmo relutante em fazê-lo, acabou cumprindo a tarefa. Em 2 de novembro, o brigadeiro Katokessa da segurança de Savimbi providenciou uma escolta para que ele deixasse Luanda de carro, acompanhado pelo brigadeiro Abel Chivukuvuku. Nas proximidades do Sambizanga, o veículo capotou após ser alvejado a tiros, e o corpo de Chitunda foi perfurado por balas.

Em reação à morte de Chitunda, Jonas Savimbi manifestou-se da seguinte forma, a partir de Huambo, onde estava refugiado: “A morte do Vice-Presidente, Senhor Engenheiro Jeremias Chitunda, tocou-nos profundamente. Chitunda não era apenas Vice-Presidente, não era apenas um engenheiro. Era um cientista. Na escola onde estudou, inventou um equipamento de pesquisa de minérios, hoje patenteado na América. Matar um homem desse calibre é uma perda para a UNITA, uma perda para a família e, acima de tudo, uma perda para Angola.”

JOSÉ GAMA

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