VIVE-SE NO DRAMA DA MISÉRIA E A FOME: O PODER COMEÇA A DESMORONAR

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Já é difícil, quase impossível, até mesmo para os militantes do MPLA, porventura mais fanáticos, não entender a dramática situação actual do país.

É ponto assente que a iniciativa da UNITA/FPU de destituição do Presidente da República não prosperará e seguramente o proponente conhecia das insuficiências procedimentais.

Mas, a iniciativa vale pela relevância das questões que levanta e o facto político inédito que criou. E, ademais, a forma e o conteúdo irrepreensíveis do documento.

A vida dos cidadãos está a ser arruinada e as instituições republicanas desvirtuadas. Vive-se o drama quotidiano da fome e da miséria.

O eclipse total do poder de compra dos salários. E a grave crise cambial que, porventura, tenha estado por detrás.

O aumento brutal do preço da gasolina e as suas consequências. E por arrasto o aumento, atroz, dos preços dos bens de primeira necessidade.

A falta de regular abastecimento de luz e água ou, ainda, a precária assistência médica.

E a insegurança vivenciada todos dias nos bairros periféricos atinge, de igual forma, militantes e não militantes.

Contrastando com a miséria e a fome, assiste-se a um desfile de despesismos desbragados; em alguns casos, extravagantes e ultrajantes para a dignidade dos cidadãos.

A justiça arruinada na sua independência e imparcialidade. E o pouco do prestígio que lhe sobrava continua a sofrer a  interferência grosseira de outro poder.

No campo da corrupção, a percepção é a de que velhos personagens foram substituídos por novos personagens.

Praticamente foram abolidos os direitos, liberdades e garantias fundamentais dos cidadãos.

A lei da contratação pública é pontapeada a luz do dia e a noite os contratos  são atribuídos (parece óbvio) maioritariamente por ajuste directo às mesmas entidades.

Não é, certamente, a iniciativa agora tornada pública pela oposição a causa futura de instabilidade no país. O país já está instável.

Se há algum mérito na réplica, desde logo, incompreensível e aparentemente sem “animus” do MPLA,  é o de lembrar que se constituiu num corpo estranho ao estado democrático de direito.

E é isso (mais do mesmo) que a réplica do BP mostrou. O BP está a acobertar o seu Presidente, sendo, ao que parece, a última reserva moral capaz de lhe chamar à razão.

E fazer cessar os seus reiterados atentados à Constituição da República e à vida dos cidadãos. Caso contrário, é daí que resultará o agravamento da instabilidade social e institucional e o desmoronamento do seu poder.

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