EX-CRIMINOSO DO TPI, JEAN-PIERRE BEMBA VAI CHEFIAR A DELEGAÇÃO DA RDC NAS NEGOCIAÇÕES DE PAZ EM LUANDA

Ex-líder rebelde e antigo prisoneiro do Tribunal Penal Internacional, Jean-Pierre Bemba vai ser o chefe da delegação do governo congolês nas negociações de paz com o grupo rebelde do Movimento 23 de Março (M23), que deverão arrancar na próxima terça-feira em Angola.
PORTAL O LADRÃO
Jean-Pierre Bemba Gombo foi ex-líder rebelde, atualmente atua como vice-primeiro-ministro dos Transportes e Comunicações e atuou como vice-ministro da defesa antes de seu cargo em exercício e foi preso sob acusações do Tribunal Penal Internacional de crimes contra a humanidade e crimes de guerra, condenado em primeira instância a 18 anos, passou os 10 anos seguintes na prisão em Haia, Holanda.
Através da rede social X, porém, o M23 informou que vai enviar uma delegação de cinco pessoas a Luanda, que será chefiada pelo Secretário Permanente do M23, Benjamin Mbonimpa, para participar nas negociações diretas com o governo congolês a pedido das autoridades angolanas. As delegações começaram a chegar hoje em Luanda.
O Presidente angolano anunciou na passada quarta-feira o início das negociações diretas de paz entre o Governo da RDC e o M23, na terça-feira, na capital angolana.
Horas depois do anúncio, na noite de quarta para quinta-feira, o M23 assumiu o controlo da Ilha Idjwi, no Lago Kivu e o grupo passou a controlar sete dos oito territórios que compõem a província oriental do Kivu do Sul.
O M23 – que é apoiado pelo Ruanda e por alguns países ocidentais, como os EUA, Alemanha e França — controla as capitais das províncias do Kivu do Norte e do Sul, que fazem fronteira com o Ruanda e são ricas em minerais essenciais para a indústria tecnológica e para o fabrico de telemóveis.
O número de mortos no conflito em Goma e arredores, capital do Kivu do Norte, ultrapassou os 8.500 desde janeiro, de acordo com informações prestadas pelo ministro da Saúde Pública congolês, Samuel Roger Kamba, no final de fevereiro.
Naquela província, a atividade armada do M23 – um grupo constituído sobretudo por tutsis, que sofreu o genocídio do Ruanda em 1994 – foi retomada em novembro de 2021 com ataques-relâmpago contra o Exército congolês.
Desde 1998 que o leste da RDC está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo Exército, apesar da presença da missão de manutenção da paz da ONU (Monusco).