PORTUGUESES CONTROLAM NEGÓCIO DE CONSULTORIA E COMUNICAÇÃO EM ANGOLA

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Victoriano Kalupeteka Para além das consultoras estrangeiras, muitas são as de matriz nacional que fazem negócio milionário com assessoria e consultoria, mas que não apresentam contas publicamente.

PORTAL O LADRÃO

Não se sabe ao certo quantos milhões de dólares facturam todos os anos as mais de 20 agências de relações públicas e assessoria de imprensa registadas em Angola, a verdade é que entre elas há quatro de origem estrangeiras que se diferenciam da maioria, embora haja as de matriz nacional que não ficam muito atrás no que aos lucros dizem respeito.

O Luanda Post dá-lhe a conhecer as histórias e os principais clientes das empresas de assessoria de imprensa de origem estrangeira que controlam o negócio de consultoria e comunicação em Angola.

JLM A agência de comunicação e relações públicas e gestão de reputação de origem portuguesa JLM & Associados, sigla que representa o nome do seu fundador e PCA, João Líbano Monteiro, foi criada em Janeiro de 1998, em Portugal; para além do mercado de origem, tem os seus principais clientes em Angola e Moçambique, sendo o principal rosto em Luanda Dina Cortinhas, a directora executiva.

É na capital angolana onde a JLM conta com uma carteira de clientes mais pujante, que lhe permite ter folga financeira de milhões de dólares todos os anos, resultante da realização de gestão de crise, consultoria estratégica de comunicação e assessoria de imprensa de instituições do Estado angolano, do sistema financeiro e de outros segmentos da economia.

Pesquisas certificam que há mais de quatro anos a JLM é responsável por esses tipos de serviços na Agência Nacional de Petróleo e Gás e Biocombustíveis (ANPG), que tem Paulino Jerónimo como PCA, da Empresa Nacional de Comercialização de Diamantes de Angola (SODIAM), cujo PCA é Eugénio Pereira Bravo, à semelhança do que faz no Ministério dos Transportes, com o corredor do Lobito, e na Trafigura.

Oposto do que se cumpre em Portugal, no que à transparência financeira diz respeito, em Angola não é do domínio público quanto uma agência de comunicação como a JLM lucra anualmente, embora o seu portfólio seja enorme, na medida em que, para além dos clientes supracitados, controla há anos a consultoria e comunicação estratégia da Deloitte Angola, do Banco Millennium Atlântico, do BNI, da Aliança Seguros, do Banco Económico, da Biocom e do Grupo Salvador Caetano, representante oficial de marca de carros em Angola como a Renault Trucks.

A JLM guia-se, segundo o seu site, pela paixão que tem pelo desempenho dos clientes: “Graças ao nosso modelo de funcionamento e à consistência da nossa equipa, estabelecemos relações fortes e de longo prazo, suportadas em resultados sustentáveis e sucesso partilhado ao longo do tempo”, lê-se.

Entretanto, especialistas do sector comentam que as consultoras de origem portuguesa que controlam a estratégia de comunicação de empresas em Angola actuam usando lobby, que começa a ser feito em Lisboa.

CV&A Em tão pouco tempo no mercado angolano e já ter na sua carteira de clientes gigantes como a Sonangol, Assembleia Nacional, ENSA, KPMG, Omatapalo, Carmon Reestrutura, entre outros, não é para qualquer um.

A portuguesa Cunha Vaz & Associados (CV&A) pode dar-se por feliz, embora seja acusada de usar métodos pouco ortodoxos na conquista de cientes em Angola, ao ponto de indirectamente tentar celebrar contratos de patrocínio comercial com órgãos de comunicação social que abordam assuntos nada abonatórios acerca dos seus clientes.

Com uma facturação milionária em Angola nos últimos anos, e dirigida pela portuguesa Ana Filipa Amaro, para além de cuidar da gestão de crise e comunicação financeira da Sonangol e outras diversas instituições, a CV&A edita conteúdos e trata de comunicação corporativa de diversas empresas locais.

Fundada há 20 anos em Portugal por António Cunha Vaz, de quem é PCA até aos dias que se seguem, foi no final do primeiro mandato do governo do Presidente João Lourenço que a CV&A viu em Angola uma grande oportunidade de negócios, daí ter criado escritório na capital angolana, mas antes instalou-se “ilegalmente” no Hotel Presidente.

António Cunha Vaz, dono da consultora, é acusado pelos meios de comunicação de não se cansar de utilizar qualquer tipo de método para atingir um fim, ou seja, para evitar que o nome de seus clientes cheguem aos media pelas piores razões.

“ENTRETANTO, ESPECIALISTAS DO SECTOR COMENTAM QUE AS CONSULTORAS DE ORIGEM PORTUGUESA QUE CONTROLAM A ESTRATÉGIA DE COMUNICAÇÃO DE EMPRESAS EM ANGOLA ACTUAM USANDO LOBBY, QUE COMEÇA A SER FEITO EM LISBOA”.

Em Dezembro passado apresentou a responsáveis de meios de comunicação nacionais, principalmente sites, contratos de patrocínio comercial no valor mensal de 700 mil kwanzas; em contrapartida, aqueles meios de comunicação social ficariam inibidos de divulgar notícias que manchem a imagem de clientes ligados à Sonangol, Assembleia Nacional, ENSA, KPMG, Omatapalo e a Carmon Reestrutura.

YOUNGNETWORK

De origem portuguesa, actuando no mercado angolano desde 2008, a agência de comunicação e relações públicas e gestão de reputação, a YoungNetwork, conta em Angola com mais de 30 funcionários.

Apresenta-se como uma empresa com forte experiência no mercado nacional e trabalha de forma contínua com mais de 40 marcas nacionais e internacionais.

A YOUNGNETWORK tem como principais clientes os indianos da distribuição alimentar Noble Group, a Newaco Grupo, a TV Cabo, a Associação dos Bancos Angolanos (ABANC), a plataforma Muhatu Energy, uma rede de Mulheres na Indústria Petrolífera, a fornecedora de produtos electrónicos LG e o Grupo Nors.

O YOUNGNETWORK assume-se como um grupo de comunicação global porque tem uma forte presença nacional e internacional: Lisboa, Porto, Madrid, Londres, Médio Oriente, Luanda, Maputo, Praia, Zagreb, Belgrado e Skopje.

E também porque oferece uma ampla gama de competências: assessoria de comunicação, relações com os media, criatividade, comunicação digital, relações públicas, eventos e produção.

“PARA ALÉM DAS CONSULTORAS ESTRANGEIRAS, MUITAS SÃO AS DE MATRIZ NACIONAL QUE FAZEM NEGÓCIO MILIONÁRIO COM ASSESSORIA E CONSULTORIA, MAS QUE NÃO APRESENTAM CONTAS PUBLICAMENTE”

BAT Conduzida pela portuguesa Sandra Portugal, antiga directora de comunicação e marketing da Refriango, a agência de comunicação e relações públicas Brand Antion Team (BAT) é que controla a estratégia comunicacional do Standard Bank Angola, Angonabeiro, EY Angola, dos israelitas da Mitrelli e de alguns órgãos ligados ao aparelho de Estado angolano.

Estes negócios e outros permitem a BAT alistar-se entre as empresas de origem estrangeira que mais facturam em Angola com o trabalho de assessoria e consultoria de imprensa. Para além das consultoras estrangeiras, muitas são as de matriz nacional que fazem negócio milionário com assessoria e consultoria, mas que não apresentam contas publicamente.

Victoriano Kalupeteka

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