OBRIGAÇÕES PRIVADAS DA SONANGOL ADMITIDAS À NEGOCIAÇÃO NA BOLSA ANGOLANA

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A Bolsa de Dívida e Valores de Angola (Bodiva) admitiu hoje à negociação 7,5 milhões de obrigações privadas da Sonangol, petrolífera estatal angolana, correspondente a 75,5 mil milhões de kwanzas (84,2 milhões de euros).

PORTAL O LADRÃO

O ato de admissão, testemunhado pela ministra das Finanças de Angola, Vera Daves de Sousa, significou, segundo a presidente do conselho de administração da Bodiva, Valentina Filipe, um marco histórico para o mercado de capitais angolano.

A partir de hoje, qualquer investidor poderá comprar e vender as obrigações por via de qualquer intermediário financeiro, membro Bodiva.

Valentina Filipe referiu que a entrada da Sonangol nos mercados regulamentados de valores mobiliários, particularmente no mercado de bolsa de obrigações privadas, “é o resultado da competência que a Bodiva e os demais intervenientes nos mercados de capitais, em particular a Comissão de Mercado de Capitais, na qualidade de regulador e supervisor, têm vindo a demonstrar junto das empresas, convencendo-as das inúmeras vantagens de atuarem como emitentes e investidores”.

“A emissão obrigacionista da Sonangol representa uma métrica significativa do desenvolvimento do mercado de capitais angolano e um indicador da relevância do mesmo para o crescimento do nosso setor empresarial público e privado, na medida em que materializa a possibilidade da diversificação das fontes de financiamento”, disse.

A responsável destacou, também, o facto de a oferta pública de subscrição ter registado uma procura acima da esperada, “demonstrando assim o interesse das famílias e empresas de cada vez mais diversificarem as suas carteiras de investimento, sendo um provável indicador e resultado do crescente nível de literacia financeiras dos investidores”.

A procura pelas 7,5 milhões de obrigações teve um rácio sobre a oferta de 111,94%, com 1.486 investidores, maioritariamente individuais (1.410) e 76 empresas, tendo sido alocada a estas 4,98 milhões de obrigações, num montante de 49,8 mil milhões de kwanzas (55,9 milhões de euros), e 2,5 milhões de obrigações a particulares, num valor de 25,1 mil milhões de kwanzas (28,1 milhões de euros).

Sonangol defende mais flexibilidade do mercado financeiro angolano

A chefe de departamento do mercado de capitais da Sonangol, petrolífera estatal angolana, disse hoje que o mercado financeiro nacional tem espaço para crescer, mas é preciso maior flexibilidade para as empresas captarem fundos.

Denise Jacinto, que representou a petrolífera no processo de emissão de 7,5 milhões de obrigações no montante de 75 mil milhões de kwanzas (84,2 milhões de euros), que representa 2% das necessidades de financiamento da empresa, falava à imprensa no final da cerimónia de admissão à negociação no mercado de bolsa de obrigações privadas da empresa.

“A Sonangol tem feito aquisição de financiamentos a nível da banca internacional, esta foi a primeira vez em termos de obrigações a nível da banca local, podemos dizer que o balanço é positivo e o trabalho em equipa foi fundamental para o sucesso desta operação”, frisou.

De acordo com Denise Jacinto, o processo permitiu verificar que a Sonangol está preparada para a procura de capital em bolsa, salientando que um dos desafios teve a ver com o reporte financeiro da empresa, que atualmente tem uma periodicidade anual, mas há necessidade de o tornar trimestral, um dos requisitos para a Oferta Pública Inicial (OPI), ou seja a dispersão de capital em bolsa.

Para Denise Jacinto, o mercado financeiro angolano ainda tem muito para crescer, mas é preciso flexibilidade para a captação de fundos, como acontece nos mercados internacionais.

“Precisamos de ter aqui um regulamento mais maleável em relação ao mercado financeiro internacional. Sentimos nesse processo que o rigor acaba por ser maior aqui no nosso país, em termos daquilo que são as exigências, lá fora os nossos parceiros acabam por ser mais flexíveis em perceber que a Sonangol é uma empresa pública”, referiu.

“Por exemplo, em termos de reporte financeiro, pese embora eles precisem dos nossos reportes anuais atempadamente, conseguem perceber que não é um processo fácil por ser uma empresa pública”, adiantou.

A maior parte das operações da Sonangol são em dólares, informou a responsável, por isso a empresa vai continuar a depender maioritariamente do mercado financeiro internacional.

A Sonangol emitiu 7,5 milhões de obrigações, no valor de 75 mil milhões de kwanzas (84,2 milhões de euros) com uma taxa de 17,5% ao ano e uma maturidade de cinco anos, com o objetivo principal de financiar as suas operações e projetos.

Na sua intervenção, o administrador executivo da Sonangol, Joaquim Fernandes, disse que o processo foi desafiante porque “foi necessário adotar estratégias para responder às exigências do regulador”, considerando o momento “um marco muito importante para a Sonangol e para o mercado de capitais nacional”.

“Os resultados acima do esperado são um claro indicador da confiança do mercado na Sonangol pela sua capacidade de honrar os seus compromissos financeiros e estamos comprometidos em manter altos padrões de governança corporativa e transparência para garantir que os nossos investidores continuem a confiar em nós”, afirmou.

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