DEPOIS DE 20 ANOS: EUA LIBERTAM ANGOLANO PRESO PELO FBI

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No passado  domingo, 30 de Abril, o angolano Artur Tchibassa, antigo chefe do Departamento das Relações Exteriores da FLEC Renovada, confirmou a sua libertação do centro penitenciário texano, EUA.

Acusado de cumplicidade no rapto do cidadão norte-americano Brent Swan em 1990 em Cabinda, Artur Tchibassa foi detido a 12 de Julho de 2002 pelo FBI em Kinshasa quando acabava de atravessar o Rio Congo, proveniente de Brazzaville.

Imediatamente transferido para os Estados Unidos, via a Alemanha, Artur Tchibassa foi julgado pelo tribunal de Washington e condenado a uma pena de prisão de 24 anos e cinco meses e obrigado a pagar uma indemnização de 300 mil dólares a Brent Swan.

Após ter transitado por diversos centros penitenciários de alta segurança, da Carolina do Sul ao Texas, Artur Tchibassa, por motivos de saúde, cumpriu os últimos anos da sua pena no Centro Médico Federal de Fort Worth, no Texas (EUA).

Desde a sua captura, Artur Tchibassa sempre se assumiu como um “nacionalista cabindês” mas também sempre negou ter participado activamente na operação de rapto de Brent Swan levada a cabo pela FLEC-PM (Frente de Libertação do Enclave de Cabinda – Política Militar), que acabaria por ser rebaptizada FLEC Renovada.

Proveniente da FLEC/FAC, Artur Tchibassa integrara a FLEC PM quando Brent Swan já estava em cativeiro. Contando com a experiência de Artur Tchibassa em processos negociais a direcção da FLEC-PM colocou Tchibassa à proa da equipa de negociadores do movimento armado no processo que levaria à libertação de Brent Swan, dois meses após a sua captura.

Em 1991, cinco meses depois do regresso de Brent Swan aos EUA, Washington decide lançar, através da Interpol, um mandado de captura contra os responsáveis da FLEC PM / FLEC Renovada, Tiburcio Luemba, António Bento Bembe, Mauricio N’Zulu e Artur Tchibassa que se expusera no momento das negociações.

Durante cerca de 10 anos as autoridades norte-americanas permaneceram inactivas quanto ao mandato de captura, tendo durante este período António Bento Bembe sido recebido na embaixada dos Estados Unidos em Paris, onde lhe garantiram pretensamente que o mandato de captura estava sem efeito.
Com os atentados do 11 de Setembro de 2001 a política de segurança norte-americana é reformulada e o “caso Brent Swan” é reactivado pela Secretária de Estado Condoleezza Rice.

Entre os quatro citados pela justiça norte-americana como responsáveis do rapto de Brent Swan, Artur Tchibassa era o único de religião muçulmana. Tiburcio Luemba, António Bento Bembe e Mauricio N’Zulu eram membros da “Igreja da Unificação”, uma corrente cristã sul-coreana, também conhecida como a “Seita Moon”, que mantinha afinidades sólidas com a administração Bush e que financiara a FLEC Renovada. Artur Tchibassa tornou-se assim no principal alvo.

Durante a sua permanência na FLEC/FAC, liderada por Nzita Tiago, Artur Tchibassa, responsável das Relações Exteriores da organização, foi um dos arquitectos dos Acordos de Sáfica que, em 1987, com a mediação de Cuba, resultou no estabelecimento de um precário cessar-fogo entre a resistência cabindesa e Angola.

Devido a discordâncias com Nzita Tiago e outros membros da FLEC/FAC, Artur Tchibassa decidiu em 1990 integrar a FLEC PM. A chefia das Relações Exteriores da FLEC/FAC acabou por ser atribuída a Emmanuel Nzita.

Após cerca de 20 anos passados na prisão, Artur Tchibassa permanece determinado em contribuir no avanço da questão cabindesa. “Sei que muitas coisas mudaram, mas estou disponível para fazer parte de uma equipa cabindesa séria que pretenda estabelecer contactos com Angola na busca de uma solução para a questão de Cabinda”, disse Artur Tchibassa logo após a sua libertação.

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