BISPO CATÓLICO RECEIA QUE AS IRREGULARIDADES NO REGISTO ELEITORAL COLOQUEM EM CAUSA A PAZ
O bispo auxiliar da Arquidiocese de Maputo, Dom Tonito Xavier Muananoua, diz que a Igreja Católica está preocupada com o registo de irregularidades no recenseamento eleitoral em Moçambique, porque isso pode colocar em causa a paz.
O prelado falava no final de um encontro com o líder da Renamo, Ossufo Momade, “em que apontamos como caminho a solução dos problemas que se registam no recenseamento eleitoral, que passem pela preservação daquele que é o dom muito grande que todos nós almejamos que é a paz”.
Munanoua referiu que “houve uma partilha de realidades que preocupam a sociedade à volta do recenseamento, e nós indicamos caminhos que nos ajudem a preservar a paz, que é um grande desafio”.
Ossufo Momade, sem avançar pormenores, disse pretender que a Igreja Católica ajude o Governo e a Renamo, a resolverem o contencioso em torno do processo eleitoral, e reiterou que o seu Partido mantém a sua posição relativamente à realização das eleições distritais em 2024.
Aquele líder partidário destacou que “precisamos da Igreja Católica para que possa trabalhar no sentido de aproximar as partes (Governo e Renamo), que estão desavindas, sobretudo relativamente às eleições distritais e ao recenseamento eleitoral, marcado por algumas irregularidades.
Presentemente, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) está a fazer uma supervisão ao recenseamento eleitoral, que termina no dia de Junho, mas que Ossufo Momade quer que seja prorrogado por mais um mês.
O porta-voz da CNE, Paulo Cuinica, disse que o que se pretende “é vermos como é que o recenseamento está a decorrer, aferir as dificuldades que possam existir, corrigir o que não está a correr bem e potenciarmos as coisas que estiverem a correr bem”.
Entretanto, o registo de irregularidades no recenseamento, reabriu o debate sobre a composição da CNE, considerando-se que a presença de membros de partidos políticos nos órgãos eleitorais é a principal causa dos desentendimentos que se verificam, por exemplo, no recenseamento eleitoral.
O analista político Gil Aníbal, considera que não faz sentido incluir membros de partidos políticos na gestão de questões do Estado como a organização de eleições, “isso cria este tipo de situações que estão a registar-se, porque cada partido representado nos órgãos eleitorais vai defender os seus interesses”.