RÚSSIA VAI MONTAR FÁBRICA DA KAMAZ NA RDC
A Kamaz, a mais conhecida marca de veículos pesados, tanto militares como de uso civil, da Federação Russa vai instalar uma unidade de montagem de veículos na República Democrática do Congo (RDC), sendo que, pelo que disse o Presidente João Lourenço, em 2019, Angola também estaria na corrida para receber este investimento russo.
A informação da possível decisão russa de optar pela RDC para criar uma unidade de montagem da Kamaz, que é detida maioritariamente (49%) pelo Estado russo, via Rostec, o conglomerado tecnológico da indústria de Defesa, foi anunciada pelo embaixador congolês em Moscovo em declarações à agência de notícia RIA Novosti.
A Kamaz é a marca russa de veículos pesados mais conhecida em todo o mundo pelo seu papel na construção de veículos militares pesados, mas a sua produção é muito mais vasta e serve vários sectores onde os camiões de grande tonelagem são necessários, desde logo o estratégico sector mineiro, estando presente, segundo a sua página oficial, em 50 países.
Embora não tenha havido qualquer desenvolvimento do que tinha em perspectiva, o Presidente João Lourenço, na sua visita oficial a Moscovo, em 2019, como o Novo Jornal noticiou então, disse à agência TASS que Angola queria consolidar a cooperação técnica e militar com a Rússia e que nesse processo existia a disponibilidade para instalar capacidade de produzir e montar equipamento militar e armamento russo no país.
Não há informação de que esta unidade da Kamaz, que deverá nascer agora nos subúrbios de Kinshasa, estando, segundo o embaixador congolês em Moscovo, Ivan Vangu Ngimbi, a decorrer os preparativos para formalizar o processo, embora sem prazos definidos, tenha estado em disputa também por Angola.
Todavia, não havendo datas para que a Kamaz “aterre” na RDC, o diplomata congolês disse ainda à agência de notícias russa que esteve reunido com a administração da construtora para definir condições de fornecimento de veículos da marca para a indústria congolesa, especialmente mineira, onde já tem presença “bem conhecida e apreciada”.
A Kamaz é o maior construtor de veículos pesados da Rússia e um gigante não só na Rússia mas também em alguns mercados internacionais apoiando o seu sucesso nos preços competitivos face aos veículos ocidentais e à sua fiabilidade no trabalho pesado em sectores como a construção civil e mineiro, por exemplo.
A KAMAZ tem unidades fabris, além da Rússia, na Índia, no Vietname, no Uzbequistão e no Azerbaijão, estando agora em vias de chegar ao continente africano, se for por diante o projecto congolês.
Pelo menos em 2019, Angola também estava de olho nesta transferência de tecnologia russa e unidades de produção para o país, como, de resto, o confirmou o Presidente da República, quando realizou a sua visita oficial ao país euroasiático, embora sem qualquer referência específica à Kamaz.
Em declarações à agência de notícias russa, TASS, numa peça noticiosa datada de 28 de Março de 2019, com o título “Angola quer construir fábricas de armamento russo”, João Lourenço é citado a afirmar que a cooperação técnica e militar com a Rússia “vai continuar e vai ser aprofundada” como é (ra) desejo dos dois países.
E acrescentou: “Quando estou a falar de cooperação não estou apenas a referir ao comércio e compra de armamento, estou também, se for possível, a dizer que queremos instalar em Angola capacidade de produzir e montar equipamento militar”.
“Queremos evoluir de compradores de equipamento militar e tecnologias para fabricantes e ter capacidade de montagem de equipamento e material militar russo no nosso país”, disse ainda João Lourenço nesta entrevista à TASS.
Com este desiderato, João Lourenço procura diminuir a dependência externa do país na aquisição de equipamento para as suas Forças Armadas e ainda a criação de emprego para os angolanos.
A Rússia, como era igualmente a antiga União Soviética, é um dos grandes fornecedores de material militar, equipamento e armamento a Angola, desde os veículos, passando pelas simples armas ligeiras aos tecnologicamente avançados aviões de guerra.
Recorde-se que em 2012 os dois países já tinham acordado à construção de uma fábrica de armas ligeiras em Angola.