CALOU-SE PARA SEMPRE A VOZ RADIOFÓNICA DE “UM ABRAÇO DO TAMANHO DO MUNDO”

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O jornalista António Muachilela, que foi uma das principais vozes do Jorna da Rádio Nacional de Angola (RNA), morreu, sábado, em Luanda, vítima de doença.

António Muachilela, que esteve ao serviço da RNA por cerca de 40 anos, estava internado, há mais de duas semanas, no Complexo Hospitalar de Doenças Cardio-Pulmonares Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, em Luanda, onde veio a falecer.

Também conhecido por “Muachi” ou “Casquinha”, António Muachilela começou a carreira no jornalismo na Emissora Provincial do Bié, em 1982, tendo passado pela Redacção Desportiva da RNA, onde cobriu o Africano de Basquetebol de 1987, em Maputo. Em vida, foi editor do serviço de notícias e deu voz aos principais espaços noticiosos da emissora pública, tendo criado o slogan “Um Abraço do Tamanho do Mundo”, que usava no final das suas apresentações, para se despediar dos ouvintes.

Em Dezembro de 2014, desempenhou a função de director-adjunto do Gabinete do ministro da Juventude e Desportos, no mandato de Gonçalves Muandumba, cargo que ocupou até 2017.

 MINISTRO MÁRIO OLIVEIRA MANIFESTA PESAR

O ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social (MINTTICS), Mário Oliveira, manifestou, ontem, profunda dor e consternação pelo falecimento do jornalista António Muachilela, ocorrido na madrugada de ontem, no Complexo Hospitalar de Doenças Cardio-Pulmonares Cardeal Dom Alexandre do Nascimento.

Na nota de condolências, o ministro realça que, durante décadas, Muachilela foi editor do serviço de notícias e uma das principais vozes dos principais espaços noticiosos da RNA, tendo deixado a sua marca, sobretudo no Jornal de Sábado em que “eternizou” a frase “um abraço do tamanho do mundo”.

Mário Oliveira reconheceu, igualmente, a maturidade de Muachilela, ao suspender o contrato de colaboração com a RNA, por ter assumido as funções de director de Comunicação e Marketing da Federação Angolana de Futebol, o que é incompatível com o exercício jornalístico.

“Nesta hora de luto e elevada dor, em meu nome e dos funcionários do MINTTICS, endereço à família enlutada, aos trabalhadores da Rádio Nacional e aos profissionais da classe, de uma forma geral, sentidos pêsames”, escreve o ministro Mário Oliveira.

PALMIRA BARBOSA LAMENTA PARTIDA FÍSICA DE JORNALISTA

A ministra da Juventude e Desportos, Palmira Barbosa, lamentou a morte do jornalista e assessor da FAF, António Muachilela, vítima de doença. Em declarações à imprensa, durante a inauguração da sede da Federação Angolana dos Desportos Náuticos, afirmou que, além de jornalista, o Muachilela foi um companheiro que entrou para o desporto e nunca mais saiu.

Palmira Barbosa disse que será muito difícil esquecer a convivência com o jornalista, e que não encontra palavras para dirigir nesta hora de luto e consternação à família enlutada. Formado em Relações Internacionais na antiga União Soviética, António Muachilela esteve sempre ligado à Rádio, tendo exercido entre 2000 e 2015 o cargo de director do Centro de Documentação e Informação do Ministério da Juventude e Desportos.

 CONSTERNAÇÃO DE CLUBES NACIONAIS

Quem, também, manifesta tristeza e consternação pela morte do jornalista e radialista António Muachilela,  director de Comunicação da FAF, é a Associação Nacional de Clubes Angolanos de Futebol (ANCAF).

“Muachilela foi em vida uma figura de dimensão nacional, tendo sido um jornalista destacado que exerceu a sua profissão com brio e dedicação”, realça a nota.

A ANCAF considera que Muachilela,  uma figura ligada ao desporto, concretamente ao futebol, “era um homem que prestou a sua contribuição à FAF com muita dedicação e espírito de missão”.

António Muachilela será recordado pelo abraço do  tamanho do mundo e pelo serviço prestado à pátria nos momentos mais difíceis da “nossa história”, com a sua voz a dizer aos angolanos que o país se mantinha de pé e unido de Cabinda ao Cunene.  

 SJA DESTACA PROFISSIONALISMO

Pela morte de “Muachi”, várias outras mensagens de condolências estão a ser divulgadas, com destaque para a do Conselho de Administração da RNA, que se verga perante a dor da família enlutada e de todos os profissionais e amigos com quem o jornalista partilhava o dia-a-dia.

O Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), que manifesta profunda dor e consternação pela morte de António Muachilela, considerou o profissional um “self made man” da Comunicação Social, por exercer com brio e profissionalismo a vocação e ocupação que escolheu há mais de quatro décadas.

Aos 61 anos e “emprestado” à Assessoria de Comunicação Institucional, o SJA refere que Muachilela passou a ser uma referência para muitos da sua geração e, em particular, os mais novos radialistas.

A direcção-geral do Centro de Formação de Jornalistas (CEFOJOR) considerou que António Muachilela será sempre lembrado pelo slogan “um abraço do tamanho do mundo”.

Para Amílcar Xavier, companheiro de trabalho de Muachilela, Angola perde uma voz inconfundível, que fez do jornalismo radiofónico o seu sacerdócio.

“Era aqui que pregava até abraçar o honroso cargo de director de Comunicação da FAF. Um homem que cultivou amizades em todos os escalões da sociedade, pela sua natureza especial”. Um dos grandes exemplos, segundo colegas, é a prática do jornalismo mais interactivo, informativo e mais cativante. Daí acreditar que Muachilela deixou um grande legado para todos os profissionais, não só de Angola, bem como a nível dos PALOP.

Manuel Ribeiro realçou que “Muachi” é um exemplo para as novas gerações no jornalismo angolano. “É um modelo para os profissionais vindouros e, para aquelas que estão a começar agora, deverão reter dele a capacidade de trabalhar e, depois, reclamar”.

Considerou “Muachi” um homem de fácil trato, grande profissional “da cabeça aos pés”, que não se zangava facilmente e, quando entrasse na redacção da RNA, espalhava  alegria e senso de humor, contagiando a todos quantos o rodeavam.

António Muachilela, foi  uma das vozes mais ouvidas na RNA, pela forma peculiar de apresentar o noticiário. Nasceu aos 12 de Setembro de 1962, no município de Nhârea, província do Bié.´

  IGAE FALA EM “VAZIO DIFÍCIL DE PREENCHER”

O inspector-geral do Estado, Sebastião Domingos Gunza, considera que António Muachilela “deixa um vazio difícil de preencher”.

Numa mensagem de condolências, Sebastião Gunza refere que António Muachilela foi um “profissional de mão cheia” e “faz parte de um selecto número de jornalistas carismáticos que marcou a nossa época”.

“Com uma voz inconfundível, Muachilela entrava pelas nossas casas sem precisar pedir licença e deixava saudades ao sair com o seu ‘abraço do tamanho do mundo’”, sublinha.

Segundo o inspector-geral do Estado, a morte prematura do jornalista, numa altura em que o país ainda precisava muito do seu contributo para continuar a forjar as novas gerações, “deixa um vazio difícil de preencher”.

“Nesta hora de dor, endereço, em nome da Inspecção Geral da Administração do Estado (IGAE), dos colaboradores e no meu próprio, pêsames à família, amigos e aos profissionais da Rádio Nacional de Angola que com ele trilharam esta longa caminhada cheia de sucesso. Paz à sua alma”, conclui a mensagem de Sebastião Gunza.

O Comando Geral da Polícia, o Governo Provincial de Luanda, a Administração Municipal de Viana e a coordenação do “Fogueira Jornalística” também lamentam a morte de Muachilela.

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