JOÃO LOURENÇO, O PRÍNCIPE QUE NINGUÉM AMA NEM TEME – HITLER SAMUSSUKU

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Na sua obra mais célebre, O Príncipe, Nicolau Maquiavel não aconselha os fracos. Ele ensina, sem pudores, que para manter o poder, o governante precisa saber manipular o medo e o amor. Mas, quando for necessário escolher entre ser amado ou temido, melhor é ser temido porque o temor se mantém pela força, e o amor depende da vontade volúvel dos homens.

Mas o que acontece quando um “príncipe” contemporâneo, num trono africano, não é nem amado e tampouco temido?

É exactamente o caso de João Lourenço, o presidente da República de Angola desde 2017. Assumiu com promessas de moralização e combate à corrupção, mas entregou repressão, raptos, julgamentos sumários e até assassinatos políticos. No entanto, apesar de todas essas armas, sua figura inspira tudo — menos medo.

Os angolanos falam abertamente nas ruas sobre o fracasso do seu governo. Nas entrevistas espontâneas da imprensa, as críticas ao presidente não são ensaiadas nem moderadas. São brutais, vulgares, desbocadas. Nas redes sociais, João João Lourenço é piada constante. Multiplicam-se os memes que o retratam como um homem bruto — uma caricatura do poder desprovido de qualquer aura de autoridade.

E aqui está a ironia trágica: o povo, diante de um chefe de Estado bruto, comporta-se também com brutalidade. A mediocridade instalou-se de cima a baixo. Nunca se viu tanta vulgarização do poder. As instituições públicas — que deveriam ser os pilares do Estado Democrático e de Direito — transformaram-se em objectos de escárnio. Ninguém as leva a sério. O SINSE? Um bando de esquizofrênicos. Os Polícias ? Pobres manipulados contra os pobres iguais.  O sistema judicial? Uma caricatura. O Parlamento? Um teatro de submissos. A Comissão Nacional Eleitoral? Um escritório de falsificações.

O povo sabe que o MPLA, partido no poder há quase meio século, já não consegue ganhar eleições limpas. A fraude virou regra. A crise de legitimidade política é profunda e irreversível. O MPLA é hoje um barril de pólvora a céu aberto. E o pavio já está aceso.

João Lourenço, longe de ser um novo Maquiavel, revela-se o oposto do Príncipe ideal. Nem amado, nem temido. É apenas um homem acuado, arrogante para disfarçar sua fraqueza, duro para esconder sua insegurança, e violento para compensar sua total ausência de carisma.

Seu reinado aproxima-se do fim. E ao contrário dos grandes líderes que se retiram aplaudidos ou temidos, ele sairá por uma porta lateral, perseguido por vaias, memes e um povo que, mesmo esmagado, nunca o respeitou.

Porque no fim, como dizia Maquiavel, o verdadeiro poder não é o cargo — é a percepção. E João Lourenço fracassou nas duas dimensões: como governante e como símbolo.

O Príncipe angolano virou piada. E isso, no teatro do poder, é o mais cruel dos castigos.

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