CRONISTA SILENCIADA LIXO PREMIADO
Alda Lara foi uma das mais notáveis vozes e importante nome da Literatura angolana. Foi uma indómita advogada de valores como a Liberdade e a Justiça. Rossana Miranda é uma jornalista e cronista angolana de excelência combatida pelos adeptos da mediocridade. Por aqueles que premeiam o lixo no Jornalismo. Proscrever um quadro do nível de Rossana Miranda é desperdício. Qualquer Redacção dirigida com mestria e competência, gostaria de tê-la como redactora, repórter e apresentadora.
Rossana Miranda teve uma passagem marcante e fulgurante pela Luanda Antena Comercial (LAC). Foi a “dar o litro” na “Quem Tem LAC Ouve Mais” que se destacou. E com a voz de Rossana Miranda nas suas antenas, quem tinha a LAC ouvia mais de facto. Seguiu-se a Rádio Ecclésia, Emissora Católica de Angola. Depois a Televisão. Deu cartas na Televisão Pública de Angola (TPA) e na TV Zimbo.
Quando o Ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social precisa de descalçar o sapato para contar até doze e encara o sector que dirige (mal), como eu entendo de mandarim, Rossana Miranda é proibida de exercer a profissão por representar uma ameaça para a mediocridade. Quando o Conselho de Administração da TPA é composto por gestores medianos, profissionais do quilate de Rossana Miranda são para abater.
Quando o Director de Informação assina de cruz e sequer sabe fazer o recorte da Informação, tal como determina a “Técnica da Pirâmide Invertida”, Rossana Miranda é excluida à boa maneira da Enciclopédia Soviética. É assim que se matam os quadros em Angola. É assim que se frustram os cidadãos. Vetando o Direito de trabalhar na profissão que se escolhe.
Rossana Miranda é alvo de uma discriminação dolosa e perversa. É alvo de uma perseguição implacável e mesquinha. A TPA fechou-lhe as portas. Mas ela deu à volta por cima. Sacudiu a poeira e continua a mostrar o que vale e o que sabe fazer. Apostou no cultivo da crónica. Um género literário e jornalístico lindo.
A kanuca está a sair bem. Presentemente é a única jornalista angolana a escrever crónicas. São soberbas. É um regalo ler a pluma caprichosa de Rossana Miranda. Mau grado Angola ser um País inculto. Mau grado os políticos e intelectuais angolanos não saberem ler e escrever (em condições). Se soubessem, dariam conta do valor da pena de Rossana Miranda. Ficariam deslumbrados. Extasiados.
Na prosa de Rossana Miranda vejo Clarice Lispector e Marta Medeiros. Noto traços de Gabriela Wiener e de Isabel Allende. Ninguém está a dar o devido valor à jornalista e cronista Rossana Miranda. Os medíocres perseguem-na. Os chefes máximos do pessoal mínimo ignoram-na. Tal como os porcos que desatendem o valor das pérolas. Um dia zarpa e começa a dar cartas no estrangeiro como cronista. Há quem vá dizer com o peito inchado de ufania que se trata de uma cronista forjada em Angola. Aí ela vai dizer: “Don’t cry for me, Angola!”.