AS MANOBRAS CORRUPTAS DA ODEBRECHT/OEC EM ANGOLA: MUDANÇA DE NOME COMO TÁTICA PARA MANTER CONTRATOS

A construtora brasileira Odebrecht, manchada por um dos maiores escândalos de corrupção da história, recorreu a uma estratégia de rebranding em Angola, alterando seu nome para OEC (Odebrecht Engenharia & Construção) e, posteriormente, sendo controlada pela holding Novonor. A manobra, embora oficialmente justificada como uma tentativa de romper com o passado criminoso, é amplamente vista como uma tática para limpar sua imagem e continuar a garantir lucrativos contratos públicos no país africano, onde a empresa mantém uma presença estratégica há décadas.
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O Observa Angola, sabe que a empresa continua envolvida com manchas em escândalos de corrupção, em Angola, recebeu recentemente as obras da Refinaria de Cabinda, através de GEMCORP, ambas ligadas ao empresario e dono da Macon, Vladmiro Minouro Dondo, também procurado no Brasil pela Justiça.
Minouro Dondo terá tentado burlar o Estado angolano em mais de 45 mil milhões, para emissão da nova serie de Moedas do Kwanza em 2019.
A mudança de nome ocorreu em um momento crucial. Em 2019, no auge das repercussões da Operação Lava Jato, que expôs uma rede de subornos a políticos e funcionários públicos em troca de contratos em toda a América Latina e África, a marca “Odebrecht” tornou-se sinônimo de corrupção. Para sobreviver, a divisão de engenharia e construção adotou a sigla OEC. No ano seguinte, a holding do grupo passou a se chamar Novonor.
Apesar da mudança de fachada, a estrutura e a expertise da empresa permaneceram, e a estratégia parece ter surtido efeito. Mesmo sob a nova identidade, a OEC continuou a ser uma das principais empreiteiras em Angola, garantindo projetos de grande envergadura.
Entre os contratos notáveis conquistados após o rebranding, destacam-se:
Terminal Oceânico da Barra do Dande: Um projeto de infraestrutura energética de grande importância para o país.
Refinaria de Cabinda e do Lobito: Projetos estratégicos para aumentar a capacidade de refino de petróleo de Angola.
Aeroporto Internacional de Cabinda: Uma obra fundamental para a conectividade daquela província rica em petróleo.
Em setembro de 2021, a Sonangol, petrolífera estatal angolana, adjudicou à OEC um contrato significativo para a construção de um grande terminal marítimo, evidenciando a contínua confiança do governo angolano na capacidade técnica da empresa, independentemente do nome, mas não chegou de cumprir o tal contrato, tendo abandonada a obra avaliada em milhões.
Numa reviravolta que demonstra a complexidade da sua estratégia de marca, em maio de 2025, a empresa anunciou que a sua divisão de construção voltaria a usar o nome Odebrecht Engenharia & Construção. A decisão sugere que a companhia acredita ter superado a fase mais crítica da crise de imagem e que o nome original ainda carrega um forte capital de reconhecimento e expertise no setor de construção pesada.
Embora a empresa justifique as mudanças de nome como parte de um profundo processo de reestruturação e implementação de rigorosas políticas de compliance, para muitos analistas e para a opinião pública, a tática foi uma manobra pragmática. A mudança permitiu que o governo angolano continuasse a contratar uma empresa com capacidade técnica comprovada para projetos complexos, ao mesmo tempo que se distanciava publicamente da tóxica marca “Odebrecht”. A volta ao nome original agora indica uma nova fase, onde a empresa se sente segura para reafirmar sua identidade histórica no mercado.
