BENGUELA: ATLETAS PARALÍMPICOS ABANDONADOS NA VIA PÚBLICA APÓS TORNEIO NACIONAL

Cinco atletas paralímpicos da provincia de Benguela, que participaram no Festival Nacional de Desporto Adaptado, realizado de 30 de agosto a 6 de setembro, em Ndalatando (Cuanza Norte), denunciaram terem sido abandonados na via pública, no município do Lobito, sem qualquer apoio logístico ou financeiro para regressarem às suas residências.
O incidente ocorreu no último sábado, por volta das 22h30, quando os atletas, devidamente uniformizados com trajes alusivos aos 50 anos da Independência Nacional, foram deixados na rotunda do Camioneiro, zona alta do Lobito, após a viagem de regresso da competição.
Segundo testemunhas, os desportistas – alguns em cadeiras de rodas e outros apoiados em canadianas encontravam-se com mochilas carregadas e sem recursos financeiros para custear transportes internos.
Foram vistos a solicitar ajuda a motociclistas de serviço (kupapatas), tentando negociar preços mais baixos para chegarem às suas casas. Em pelo menos um caso, um dos atletas teve de recorrer a familiares para que pudessem pagar a corrida.
A situação gerou indignação entre transeuntes, que se mobilizaram para prestar algum auxílio imediato.
O abandono contrasta com o espírito do evento, promovido pelo Comité Paralímpico Angolano (CPA), que contou com a participação de 320 atletas de 16 provincias em modalidades como basquetebol em cadeira de rodas, futebol para amputados, atletismo e “mão-bol” (futebol jogado com as mãos). O torneio decorreu sob o lema “Coragem, determinação, igualdade, inclusão, inspiração e superação”.
No desfecho da competição, a equipa do Clube Desportivo Ngueto Maka, do Uíge, sagrou-se vencedora do torneio de basquetebol em cadeira de rodas masculino, ao derrotar o misto do Bié por 44-29, arrecadando o prémio de 400 mil kwanzas.
Enquanto outras delegações regressaram às suas províncias com prémios e meios de apoio logístico, os atletas de Benguela alegam ter sido deixados “à sua sorte”, num episódio que levanta sérias questões sobre a organização e o cumprimento das promessas de inclusão no desporto adaptado.
Até ao momento, nem o Comité Paralímpico Angolano nem as autoridades desportivas provinciais de Benguela se pronunciaram oficialmente sobre o incidente.
