MAIS UM DEPUTADO DA UNITA QUE COLOCOU O CARRO DA ASSEMBLEIA NACIONAL NO NEGÓCIO DO TÁXI

Dois meses depois da perda de mandato do deputado Alberto Catenda, o seu colega de partido e também deputado à Assembleia Nacional está a ser acusado de supostamente estar envolvido no crime de peculato de uso
PORTAL O LADRÃO
Chama-se Domingos Eduardo Palanga, do Grupo Parlamentar da UNITA, que colocou também a sua viatura protocolar à disposição de uma Rent-a-Car, para serviço de táxi personalizado, que só entre os dias 2, 14 e 20 de Fevereiro de 2024, rendeu-lhe 497 mil kwanzas, segundo comprovativos bancários em posse do Pungo a Ndongo.
Fonte deste jornal informou que Domingos Palanga, eleito pelo círculo provincial de Luanda, faz parte de um grupo de deputados que entraram nesse negócio, em 2023, altura em que os carros atribuídos por função passaram a exercer essa actividade, em atropelo à ética e ao decoro parlamentar. A maior parte dos meios rolantes são Lexus e Toyota Prado, preferidos maioritariamente por entidades protocolares estrangeiras e turistas, aos quais cobram preços exorbitantes, chegando arrecadar mais de 100 mil kwanzas por dia, dependendo das rotas a percorrer.

Ao Pungo a Ndongo chegaram também informações que revelam a existência de um grupo de deputados que retiraram as suas viaturas deste processo, depois da primeira denúncia feita por este jornal, em finais do ano passado, que trouxe à tona o primeiro caso, em que esteve envolvido o deputado Alberto Catenda.
Na sessão em que o ex-deputado perdeu mandato, a presidente da Assembleia Nacional (AN), Carolina Cerqueira, tinha alertado que este órgão seria implacável contra quem estivesse mais envolvido em actos do género, independentemente do partido a que pertença.
Dois meses depois surge este novo caso, em que é apontado mais um parlamentar a ganhar dinheiro com o carro do povo, um assunto que poderá agitar o Parlamento e principalmente a bancada em que o visado faz parte, que sempre acusou o seu eterno rival, o MPLA, de fazer pouco ou nada para combater a corrupção.
Mesmo depois da cruzada contra a corrupção e impunidade decretada pelo Governo do Presidente João Lourenço, em 2017, a UNITA nunca acreditou,aliás, tem alegado haver “justiça selectiva”, entretanto acusação refutada pela Procuradoria Geral da República (PGR) e pelos tribunais.
Quem são os outros? Na plenária do dia 22 de Janeiro, que ficou marcada com a perda de mandato do deputado Catenda, o presidente da Comissão de Mandatos e Decoro Parlamentar, Leonardo Sérgio, tinha dito que havia nomes de outros deputados supostamente envolvidos no negócio.
No mesmo dia, à noite, a sua colega de bancada Carolina Fortes desmentiu o facto, em declarações à Televisão Pública de Angola (TPA), alegando que não havia outros envolvidos.
Entretanto, essas declaracões desencontradas levantam alguma inquietação, já que um órgão como a Assembleia Nacional devia vir a público esclarecer aos seus representados esse assunto envolto em mistério, tendo em conta as contradições das duas entidades.
Aliás, o Grupo Parlamentar da UNITA, na sua declaração de voto, lida pelo deputado Joaquim Nafoya, pediu ao Parlamento que se houvesse casos semelhantes que tivessem tratamento igual, sem olhar à cor partidária, para desencorajar que outros sigam o mesmo caminho.
Notícia veiculadas pela imprensa nacional e estrangeira, no fim da plenária do dia 22, davam conta da existência de mais de 20 deputados envolvidos neste esquema de peculato de uso, pelo que a direcção da Casa das Leis devia pronunciar-se, ao invês de remeter-se no silêncio tumular. Dados em posse do Pungo a Ndongo por confirmar junto das autoridades, indicam que há deputados que estão a ser investigados, para se apurar o seu envolvimento ou não, pese embora a AN não fale do assunto, provavelmente, em obediência ao cumprimento do segredo de justiça.
Fonte: Pungo a Ndongo