SOBRINHO DE JOEL LEONARDO REVELA DETALHES DA EXTORSÃO AO EX-MINISTRO DOS TRANSPORTES
Silvano Manuel ocupava o cargo de oficial de justiça no Tribunal Supremo de Angola. Além disso, acumulava as funções de responsável pela área do patrimônio do Conselho Superior da Magistratura Judicial e fazia parte da cápsula de segurança pessoal do conselheiro presidente do Tribunal Supremo, Joel Leonardo. Em 2023, foi preso por tentar extorquir 3.500.000.000,00 kwanzas (5,8 milhões de dólares) do antigo ministro dos transportes, Augusto da Silva Tomás, ameaçando que, caso contrário, o ex-governante voltaria à prisão devido a falhas no mandado de soltura. Entretanto, em 2024, este sobrinho do presidente do Tribunal Supremo foi solto.
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Já em liberdade, Silvano fez revelações impactantes dentro de seu círculo íntimo, implicando diretamente o seu tio, Joel Leonardo, no planeamento do assalto e extorsão ao antigo ministro Augusto Tomás. Segundo Silvano, o plano foi meticulosamente orquestrado com o conhecimento de Joel Leonardo, que se reunia regularmente com ele e outros membros da família para discutir os detalhes da operação.
As motivações por trás do crime estariam relacionadas a questões familiares, com o objetivo de arrecadar cerca de seis mil milhões de kwanzas para redistribuir entre os membros da família de Joel Leonardo. Silvano terá revelado ainda que, como forma de recompensa pela sua colaboração, foi beneficiado com uma sentença mais branda. Esse favorecimento lhe permitiu recuperar ao menos um dos seus empregos, apesar de ter perdido os cargos no CSMJ e no Tribunal Supremo.
Silvano também é o dono da IMPORLAB – Prestação de Serviços, uma empresa que prestava serviços ao Tribunal Supremo. De acordo com investigações, a empresa foi fechada após denúncias do Club-K, sendo declarada falida. A IMPORLAB não tinha um seguimento comercial legítimo e servia apenas como fachada para a lavagem de dinheiro proveniente das atividades ilícitas dentro do Tribunal, em benefício de Joel Leonardo.
A confissão atribuída a Silvano ainda revelou um esquema de nepotismo e corrupção em larga escala. Cerca de oitenta membros da família de Joel Leonardo foram inseridos em posições estratégicas dentro do sistema judiciário, incluindo os Tribunais de Relação (TR) e Tribunais de Comarca (TC), que passaram a ser controlados por figuras próximas ao presidente do Tribunal Supremo.
As negociações de acordos e sentenças, de acordo com as revelações, eram uma prática constante e envolviam o advogado Carlos Salumbongo e seus associados como intermediários nas transações ilícitas. Salumbongo e outros advogados do seu escritório atuavam sob as ordens de Joel Leonardo, especialmente nos Tribunais de Comarca e no DNIAP, que se tornaram os principais mercados de tráfico de influências e acordos ilegais. Denuncias indicam que advogados de outros escritórios migravam para o escritório de Salumbongo, buscando se beneficiar das ordens diretas de Joel Leonardo.
Joel Leonardo, por sua vez, ficou conhecido no meio jurídico como “o juiz da fechadura milionária”. Quando ascendeu à presidência do Tribunal Supremo, implementou uma prática controversa, obrigando todos os juízes a adquirirem produtos no café break, que ele mesmo organizava, gerando mais uma fonte de lucro para o grupo.