AUTORIDADES ANGOLANAS PROMOVEM ASSASSINO DE ACTIVISTAS ISAIAS KASSULE E KAMULINGUE
As autoridades angolanas estão a ser criticadas por terem promovidos à grau de oficiais superiores do aparelho de defesa e segurança os cidadãos que assassinaram, em 2012, os activistas Isaías Cassule e Alves Kamulingue, em clara violação as Leis n.°s 8/10 e 26/11.
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Apesar das penas impostas, que indicavam a expulsão obrigatória dos condenados, os mesmos foram promovidos, reformados e continuam a receber salários na Caixa Social das Forças Armadas Angolanas, como se nada se passou.
Entre os promovidos estão:
– Manuel Miranda, oficial da DNIC, actualmente SIC, condenado a 16 anos de prisão por ordenar os disparos;
– Luís Miranda, também oficial da DNIC, actualmente SIC, condenado a 14 anos;
– Francisco Pimentel Tenda Daniel “Kiko”, responsável pelos disparos contra Kamulingue, condenado a 14 anos;
– Edivaldo Domingos dos Santos, condenado a 17 anos;
– Júnior Maurício “Cheu”, oficial da UPIP e responsável técnico do MPLA, condenado a 17 anos.
Segundo a legislação angolana, nomeadamente a Lei n° 8/2010 e a Lei n° 26/11, a promoção de agentes públicos condenados por crimes graves é expressamente proibida, sendo exigida a boa conduta durante o cumprimento da pena e a exclusão do serviço activo. O Código Penal angolano reforça esta posição, estipulando o afastamento definitivo em casos de homicídio.
Os réus, condenados inicialmente pelo Tribunal de Luanda a penas entre 14 e 17 anos, viram as sentenças agravadas pelo Tribunal Supremo, mas posteriormente desagravadas pelo Tribunal Constitucional em 2017. Apesar das penas, todos foram libertados em condicional antes de cumprir integralmente as sentenças.
O caso gerou indignação, especialmente porque o alegado mandante do crime, o tenente-general Filomeno Peres Afonso, conhecido como “Filó”, nunca foi julgado devido à proteção do general António José Maria.
Organizações da sociedade civil e vozes críticas afirmam que estas promoções violam os princípios legais e éticos, representando uma afronta às vítimas e à justiça.
Em Luanda, persiste o sentimento de que o caso reflecte uma cultura de impunidade no seio das instituições de segurança e do poder político angolano.