OPOSIÇÃO QUER “ESTADO DE EMERGÊNCIA” PARA COMBATER FOME EM ANGOLA

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Os partidos políticos da oposição e organizações da sociedade civil querem que o Executivo declare “urgentemente” o estado de emergência para melhor combater a fome e a miséria que leva milhares de angolanos a procurem de comida nos contentores do lixo, sobretudo nas grandes cidades.

PORTAL O LADRÃO

“As mentes de milhares de angolanos em vários lares já não funcionam devidamente devido à fome”, disse o vice-presidente da segunda comissão especializada da Assembleia Nacional, pela UNITA, Joaquim Nafoia, frisando que o País está no fundo do poço.

“Para a UNITA, é urgente que o Executivo decrete o estado de emergência, para que a comunidade internacional dê um apoio nesta tarefa urgente de acabar com a fome e a miséria”, acrescentou.

De acordo com o deputado, é “muito grave” o que acontece no País, quando um camião carregado de bens alimentares avaria e é alvo imediatamente de assalto por parte de cidadãos esfomeados.

“O aumento exponencial da fome e a miséria no País obriga as pessoas a agirem desta maneira, o que é muito triste”, referiu Joaquim Nafoia sublinhando que as políticas de diversificação da economia no País não são eficientes.

O secretário-geral do PRS, Rui Malopa, entende que o Governo angolano não pode continuar a resistir aos sucessivos apelos da sociedade para declarar o estado de emergência no País, devido à fome e à pobreza.

“Reconhecemos os passos que o Executivo tem vindo a dar no sector da agricultura no País, mas a situação continua a piorar. Por isso, um estado de emergência decretado pelo Executivo, ajudaria a aliviar o problema”, acrescentou.

Na sua opinião, a seca e a fome continuam a castigar a população do sul de Angola, onde o preço alto dos alimentos está agora a dificultar ainda mais o acesso à comida.

“Não é digno termos os contentores de lixo como principais fontes de sustento. O Executivo tem que acabar com esta situação”, concluiu.

O presidente da Associação Mãos Livres (AML), Guilherme Neves, disse que o Executivo não presta atenção aos apelos das organizações não-governamentais, que insistem numa declaração de estado de emergência sobre à fome e a miséria no País.

“O combate à fome e à pobreza passa pela adopção de políticas públicas consistentes e duradouras, que estimulem a produção interna. Quando há dificuldades para concretizar esses objectivos, o Executivo deve recorrer à comunidade internacional e pedir ajuda”, disse.

Comerciantes de várias cidades do País, estão preocupados com os sucessivos assaltos aos seus camiões que transportam bens alimentares pelas ruas e estradas.

“Camiões lotados de produtos diversos em andamento, são assaltados. Mesmo com os disparos do segurança o povo não se intimida”, disse ao Novo Jornal, Ibrahim Conte, proprietário de um armazém de bens alimentares no Golf II.

O Executivo angolano apresentou no mês de Julho deste ano, nas Nações Unidas, bons indicadores do combate à pobreza e à fome

Os números do Governo indicam que mais de um milhão de famílias já beneficiaram do programa de Fortalecimento e Transferências Sociais Monetárias.

Os dados foram apresentados pelo Secretário de Estado para o Planeamento, Luís Epalanga, no fórum político de alto nível do Conselho Económico Social das Nações Unidas que decorre em Nova Iorque nos Estados Unidos da América.

Luís Epalanga avançou ainda que o Executivo está neste momento, a priorizar acções de impacto para melhorar a segurança alimentar e nutricional das famílias, no âmbito do plano de Desenvolvimento Nacional 2023/2027.

O Secretário de Estado para o Planeamento, destacou também a implementação de medidas para mitigar o efeito das alterações climáticas incluído a promoção do uso de energias renováveis.

De acordo com o UNICEF, “em Angola, 38% das crianças menores de 5 anos sofrem de desnutrição crónica”, o que, “a nível da população, as perdas de capital humano devido à desnutrição infantil podem prejudicar o crescimento económico e os esforços de redução da pobreza”.

Angola consta dos países indicados pelas agências da ONU onde o problema da fome tem vindo a crescer desde 2021, especialmente devido à seca no sul do país e nalgumas zonas do leste e sudeste angolano. 

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