PROIBIÇÃO DE VENDAS NO MACULUSSO TRAMA VENDEDORAS
Dona Zita, uma vendedora de bombó frito no Maculusso, está a lutar para sustentar as filhas após a proibição inesperada das vendas ambulantes na área. Sem aviso prévio e com o seu fogareiro confiscado pelos fiscais da Administração da Ingombota no dia 15 de Agosto, Dona Zita agora enfrenta a difícil tarefa de continuar o seu pequeno comércio de forma clandestina, enquanto o Governo Provincial de Luanda não responde às nossas tentativas de contacto sobre a situação.
MWATA YAMVO
Dona Zita, nome fictício, uma vendedora local conhecida pelo seu bombó frito, está a enfrentar uma situação desesperadora após a recente proibição das vendas ambulantes na zona do Maculusso.
A decisão, que a apanhou a ela e às colegas de surpresa, resultou na apreensão do fogareiro da vendedora pelos fiscais da Administração da Ingombota e a ordem para esconder o carrinho de vendas, que havia sido cedido pelo Governo. Sem qualquer notificação prévia, mesmo com o cartão de vendedora emitido pela Administração, Dona Zita viu-se obrigada a continuar a vender os seus produtos de maneira clandestina, o que ameaça ainda mais a sua já precária situação económica.
“Agora, só consigo vender bombó frito de forma escondida para tentar sustentar as tuas sobrinhas,” relatou Dona Zita, visivelmente angustiada. A proibição não só limitou a sua capacidade de trabalho, como também a colocou numa situação de vulnerabilidade, sem alternativas claras para continuar a sua actividade de forma legal.
Os consumidores locais, como Alfredo Xavier e Telma João, também expressaram o seu descontentamento. Alfredo, que regularmente comprava esses quitutes matinais, lamenta a falta das vendedoras, descrevendo-as como discretas e higiénicas. Telma, por sua vez, questiona a decisão numa época de alto desemprego, onde essas mulheres encontraram no comércio uma forma legítima de sobrevivência.
Tentativas de contacto com o Governo Provincial de Luanda para esclarecer os motivos da proibição e discutir alternativas para as vendedoras não obtiveram resposta. O número de telemóvel fornecido na página oficial do Governo pertence, supostamente, a uma pessoa particular e o e-mail enviado para [email protected] permanece sem resposta.
A ausência de uma resposta oficial deixa a comunidade em uma situação de incerteza e frustração, com a esperança de que o Governo se pronuncie e ofereça soluções que permitam às vendedoras continuar as suas actividades de forma digna, enquanto se busca um equilíbrio entre a regulamentação e a necessidade de subsistência dessas famílias.
Foto: Arquivo