VISITA DE JOÃO LOURENÇO À CÔTE D´IVOIRE MARCADA POR UM NÍVEL ELEVADO DE HOSPITALIDADE

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A primeira visita oficial, de dois dias, do Presidente João Lourenço à Côte d´Ivoire ficou marcada por um elevado nível de recepção e hospitalidade, que deixou evidente a vontade daquele país da África Ocidental em começar uma nova história nas relações entre os dois Estados.

PORTAL O LADRÃO

O primeiro sinal de que o anfitrião, Alassane Ouattara, não queria atribuir a este momento um significado comum aconteceu após o estadista angolano desembarcar em Abidjan, capital económica daquele país, no dia 26, quando, acompanhado da esposa e de vários membros do seu Executivo, decidiu deslocar-se ao Aeroporto Internacional Félix Boigny para receber, pessoalmente, o seu homólogo, que também se fez acompanhar da esposa Ana Dias Lourenço. O gesto chamou toda a atenção e alertou que a primeira visita oficial de João Lourenço à Côte d´Ivoire não passaria despercebida.

A história demonstra haver poucos ou quase mais nenhum caso de Presidentes que se deslocaram ao aeroporto para receber um homólogo, dado os incidentes de segurança ocorridos no passado com algumas entidades, quando se deslocaram a estes lugares, daí indicarem outros responsáveis para o feito, cuja opção recai, geralmente, para o ministro dos Negócios Estrangeiros.

Terminada a cerimónia de recepção, dentro do aeroporto, era chegado o momento de o estadista angolano subir na viatura e seguir para o local de hospedagem. A saída deste lugar, um outro facto chama a atenção: a bandeira de Angola estava hasteada, ao lado da anfitriã, em várias avenidas principais de Abidjan, fazendo recordar o cenário que se monta a um país que acolhe um evento internacional.

Este facto, segundo explicou o embaixador de Angola na Etiópia e representante Permanente junto da União Africana, em entrevista ao Jornal de Angola, significa, além de boas-vindas, o valor que a Côte d´Ivoire quer passar a dar a Angola, assim como a satisfação que sentiram ao receber, no seu solo, o Presidente João Lourenço.

“O hastear da bandeira angolana pelas avenidas de Abidjan é um sinal muito forte, porque a bandeira é um símbolo muito importante da soberania de um país. Isto demonstra a aceitação de Angola na Côte d´Ivoire, quer do ponto de vista da sociedade política quer da sociedade civil, porque toda a gente fica a conhecer Angola, que acaba, deste modo, por ficar incutida na cultura daquele país, ou seja, os cidadãos da Côte d´Ivoire passam a conhecer mais Angola”, aclarou o embaixador, para quem este gesto ultrapassa a dimensão política.

Miguel Bembe, que já foi director da Direcção África, Médio Oriente e Organizações Regionais do Ministério das Relações Exteriores, referiu que a iniciativa simbolizou, também, a vontade do estadista ivoriense em ver unidas as duas Nações, cujas relações, no passado, estiveram enfraquecidas.

“Angola é um país importante em termos de oportunidade de investimento e também tem todos os activos indispensáveis para a projecção de poder e, em função disso, hoje, não há, praticamente, nenhum país que não queira estabelecer relações de amizade e de cooperação com Angola. Eu sinto isto como embaixador de Angola acreditado junto da União Africana e da Comissão Económica das Nações Unidas para a África (UNECA)”, frisou.

 
CREDIBILIDADE E ACEITAÇÃO 

Para o cientista político e docente universitário Osvaldo Isata, o hastear da bandeira angolana pelas principais avenidas de Abidjan, durante a visita oficial de João Lourenço àquele país, foi sinónimo de credibilidade e aceitação do país naquele Estado.

“Do ponto de vista da diplomacia política, este gesto significa que estamos consigo. Angola é um Estado que o mundo respeita”, ressaltou o académico.

 
CHAVE DA CIDADE DE ABIDJAN

No dia seguinte, reservado ao início oficial da visita, outro sinal é dado pelo Governo ivoriense para prestigiar a presença do Presidente João Lourenço naquele território.  

O Conselho do Distrito Autónomo de Abidjan decidiu homenagear o Chefe de Estado angolano, em nome do povo daquela região, com a atribuição da chave daquela cidade e o estatuto de cidadão honorário de Abidjan.

Na mesma cerimónia, marcada por vários momentos culturais, o estadista angolano recebeu um nome tradicional, que significa, na cultura do povo daquela zona, um guerreiro muito forte e passou a fazer parte, de forma simbólica, à etnia Atcham, destacada na história da Côte d´Ivoire por ter sido invencível ao longo do tempo, na defesa da cidade de Abidjan face às sucessivas investidas de outros grupos.

“Devo agradecer por este gesto bastante significativo e que me leva a citar o Presidente Agostinho Neto, quando dizia: à nossa cultura, e às nossas tradições havemos de voltar”, declarou o Presidente João Lourenço, sublinhando que o gesto é prova de que “somos um só povo, somos africanos”.

Sobre as homenagens não era tudo. No período da noite do mesmo dia, o Presidente João Lourenço é surpreendido, durante o jantar oferecido pelo homólogo Alassane Ouattara, com a condecoração  “Grande Cruz da Ordem Nacional”, a mais alta distinção usada pelo Governo ivoiriense a personalidades que entende condecorar. Na mesma cerimónia, foi, igualmente, distinguida a Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, com o título de “Comendadora da Ordem Nacional” da Côte d´Ivoire.

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