NÚMERO DE CRIANÇAS COM CANCRO TENDE A AUMENTAR NOS HOSPITAIS

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O número de crianças que apresentam diferentes tipos de cancro, como leucemias, linfomas, retinoblastoma (tumor no olho), tumor de wilms (do rim) e ósseos preocupa especialistas em onco-pediatria, que recomendam o reforço dos cuidados, para se inverter o quadro.

PORTAL O LADRÃO

No serviço de oncopediatria do Instituto Angolano do Controlo de Câncer, segundo a directora clínica, Isabel Cândido, têm chegado muitas crianças com cancros em estado avançado, devido, sobretudo, à negligência, recurso à medicina tradicional e crenças religiosas.

A especialista explicou que existem vários tumores que acometem a fase infantil, com destaque para os linfomas e leucemias.”Predomina o tumor do olho e do rim, onde o diagnóstico é clínico e por outros exames de tomografia, ecografia, imagiologia, pelo laboratório e a biopsia”.  

Por outro lado, a médica destacou que muitos tumores afectam crianças antes dos cincos anos. “Podem aparecer noutras idades, mas é nessa faixa etária em que prevalecem”.

A médica esclareceu que o Instituto Angolano de Controlo do Câncer (IACC) atendeu, em média, no ano passado, 17 casos de tumor no rim e 14 de retinoblastoma.

Diariamente, acrescentou, podem ser diagnosticados dois casos de diferentes tipos de câncer em crianças.

Isabel Cândido aconselha os pais a estarem atentos a qualquer sinal ou diferença que a criança apresentar e procurar pelos serviços médicos para o diagnóstico precoce e possível cura da doença.

“Para o surgimento do câncer, nos adultos, contribuem vários factores de risco, como o tabaco, bebidas alcoólicas e estilo de vida. Nas crianças, vários casos surgem devido a factores hereditários e ambientais”.

 
MAIS DE MIL PACIENTES ASSISTIDOS 

O Hospital Geral Especializado Neves Bendinha assistiu, durante a semana finda, 1.225 pacientes, no banco de urgência de queimados, cuidados primários e traumas.

A directora clínica da unidade sanitária, Antonieta Guilherme, deu a conhecer que o banco de urgência de queimados assistiu 45 pacientes, dos quais 23 crianças.

As queimaduras, explicou, foram causadas, fundamentalmente, por acidentes domésticos, tendo-se registado 37 casos do género. “A maior parte das queimaduras registou-se em ambiente domiciliar e foi provocada por líquidos aquecidos (16), comida quente (seis), gás butano (cinco), objectos quentes (seis) e produtos químicos (quatro)”.

Quanto aos traumas, a responsável esclareceu que foram assistidos 59 pacientes, dos quais 19 crianças.

 
TALATONA

Nas urgências do Hospital Municipal de Talatona, foram socorridos 1.404 pacientes.

A directora clínica, Luzia Rodrigues, avançou que em clínica geral foram assistidos 689 pacientes e na Pediatria, 715 crianças, com a malária a liderar a lista das doenças mais frequentes.

“Em relação aos traumas, socorremos 29 pacientes, dos quais 17 com ferimentos por arma branca, sete por queda e dois por arma de fogo”.

Além da malária, acrescentou, foram registados 225 casos de hipertensão, 210 de gastroenterite, 39 de tuberculose, dois de pneumonia e 17 de broncopneumonia.

 
SAMBA

Nas urgências do Centro de Saúde da Samba foram registados 218 casos de febre, 313 de malária, 80 de doenças respiratórias agudas, 57 de diarreia aguda e 18 de hipertensão arterial.

A directora clínica, Rosa Manuel, deu a conhecer que nas consultas externas foram atendidos 96 pacientes, 84 em Tisiologia, 78 em nutrição, 33 em oftalmologia, 24 em psicologia e 236 mulheres deram entrada no serviço materno infantil, das quais 50 deram à luz, por parto normal.

 
SAMBIZANGA

No banco de urgência do Centro de Saúde do Sambizanga, foram registados 286 casos de malária, 30 de doenças respiratórias agudas e 23 de diarreia.

A directora clínica, Augusta Chandicua, disse que 170 pacientes foram observados na área de Tisiologia, 116 em clínica geral, 111 em pediatria e 18 em estomatologia.

 
ZANGO

O Hospital Municipal Zango 2 assistiu, na semana finda, 1.610 pacientes, dos quais 888 no banco de urgência.

O director clínico da unidade sanitária, Sebastião Senga, disse que, durante o período em análise, foram registados 517 casos de malária, 19 de gripe, 15 de doenças diarreicas agudas, oito de hipertensão e seis de problemas respiratórios.

Em pediatria, foram assistidas 286 crianças, além de 248 casos em clínica geral, 192 em maternidade, com 47 partos realizados, e 186 em ortotraumatologia, causadas por 39, causados por acidente de viação e 20, por agressões físicas.


VIDA AFECTADA PELA DOENÇA DE LEUCEMIA 

Quanto tudo indicava para uma tuberculose óssea, Miguel José, de dez anos, foi levado a uma unidade sanitária pediátrica, para os primeiros socorros e assistência especializada. A mãe conta que a criança apresentava febre, inflamações nos membros inferiores e superiores, dor nas articulações e anemia severa.

“Internámos por cinco dias no Hospital Pediátrico David Bernardino e foi solicitado um Raio-X. Após os exames, a médica em serviço disse que o menino estava com tuberculose. Começámos com o tratamento que durou três meses, altura em que foi descoberto que o menino não padecia desta doença”.

Em função do quadro clínico que piorava, desconfiava-se tratar-se de um cancro. Após outros exames, descobriu-se que sofria de leucemia (célula sanguínea que sofre uma mutação genética que se transforma em célula cancerosa. Essa célula anormal não funciona de forma adequada e multiplica-se mais rápido do que as células normais).

Tendo em conta as manifestações clínicas, a médica interna de oncologia pediátrica, Melita Maquina, disse que o estado clínico do menino inspira cuidados. “É uma doença em estado avançado, por causa dos sintomas iniciais”. No momento da reportagem, a médica informou que aguarda por resultados de um exame feito há duas semanas, para se poder falar com precisão sobre o estado clínico da criança.

“O menino continua internado para estabilização clínica, porque vem com um quadro febril agudo, dores nas articulações e anemia severa, resultado da dispneia que apresenta e das plaquetas baixas”.

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