ADMINISTRADOR ÂNGELO FERNANDO MACHADO DO MERCADO DO BENFICA ACUSADO DE DESVIAR MILHÕES
Ângelo Fernando Machado, administrador do Mercado Abastecedor do Benfica (MAB), órgão vinculado ao Ministério do Comércio, está sendo acusado de desviar cerca de 200 milhões de kwanzas. Além disso, documentos enviados a membros do governo revelam uma série de graves irregularidades, incluindo o não pagamento do IRS, aquisição de veículo para a noiva e contratação da empresa do irmão, entre outras.
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O MAB, projecto concebido pelo Ministério do Comércio de Angola, visa combater a venda ambulante, proporcionar segurança aos vendedores a retalho e aprimorar as condições comerciais, além de regular o mercado informal. Segundo relatórios anuais, o MAB factura aproximadamente 90 milhões de kwanzas, mas informações internas indicam uma média anual de 280 milhões de kwanzas.
Dentre as revelações, destaca-se o fato de que alguns armazéns não depositam seus ganhos na conta do MAB, mas sim em uma conta não pertencente à instituição, indicada por Ângelo Machado. O administrador também é apontado por receber pagamentos de diversas empresas, incluindo Liqui Huambo, Granito Angola, Sol Nascente, Futuro Crescente, Africa Together e Adital.
Além disso, Machado é acusado de contratar seu próprio irmão, Edgar Fernandes Mbandu, para realizar trabalhos de infraestrutura. Funcionários contratados desde 2017 têm descontos referentes à segurança social, mas os valores não são repassados ao Instituto Nacional de Segurança Social (INSS). Em março de 2022, Machado teria utilizado 12 milhões de kwanzas da empresa para adquirir um veículo Hyundai Sonata preto para sua funcionária favorita, Neide Mendes, que ocupa o cargo de chefe do controle de gestão.
Diante dessa situação de má gestão e desvio de fundos, um grupo de funcionários enviou uma carta ao novo ministro Rui Mingéns de Oliveira em 26 de setembro passado, relatando os acontecimentos e pedindo correcções urgentes.
Essas alegações incluem:
Salários pagos via Multicaixa, não bancarizados;
Falta de pagamento de impostos sobre a Segurança Social e IRT, apesar dos descontos mensais;
Atrasos frequentes no pagamento de salários;
Alteração constante do banco de domiciliação das receitas do MAB – Luanda;
Ameaças constantes de demissão sem fundamento;
Contratos de trabalho não autenticados pelo MAPTSS;
Falta de manutenção básica, levando à degradação das infra-estruturas;
Interrupções constantes de energia e água devido a dívidas elevadas;
Armazéns realizando depósitos em contas desconhecidas, sob orientação de Ângelo Machado;
Pedidos frequentes de adiantamento de grandes quantias em dinheiro aos utentes dos armazéns;
Ambiente de trabalho prejudicado pela arrogância do Administrador – Coordenador;
Movimentação suspeita de grandes somas de dinheiro nas contas bancárias do MAB – Luanda;
Recusa em permitir o uso do sistema RUPE no MAB – Luanda;
Alienação de parte da área total do MAB – Luanda;
Interferência de supostos agentes do Serviço de Investigação Criminal (SIC).
Os trabalhadores acreditam ser necessária uma intervenção urgente para corrigir essas irregularidades e garantir a integridade e eficácia do Mercado Abastecedor do Benfica – Luanda.