MEMBROS DO MPLA EM CAMPANHA NAS REDES: “JLO, ESTOU CONTIGO”
Militantes do MPLA estão a partilhar mensagens de apoio ao presidente do partido nas redes sociais. Analistas consideram atitude “natural”, mas desconfiam que objectivo seja indicar que não há “fragmentação”.
A campanha “JLo, Estou Contigo” surge alguns dias depois de a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), começar com a recolha de assinaturas para a destituição do Presidente de Angola, João Lourenço.
No dia 16 deste mês, o grupo parlamentar do maior partido da oposição em Angola deu o primeiro passo para iniciar o processo de “impeachment” para destituir o Chefe de Estado angolano por alegada violação à Constituição.
Oitenta e seis dos 90 deputados da UNITA subscreveram a petição.
Agora, os militantes do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder) defendem, nas redes sociais, o seu líder. É o caso de Valdmiro Kambona Diogo.
Contactados pela DW África, negam comentar o assunto.
Esconder a fragmentação
Entretanto, Inocêncio de Brito, activista e presidente da Associação Mudar Viana, vê com naturalidade a campanha, mas desconfia que seja um indicador para esconder a fragmentação no seio dos “camaradas”.
“Como militantes do partido, é natural que eles demonstrem esse apoio ao seu presidente. Entretanto, quando esta lealdade permanentemente é demonstrada de forma pública, pode ser um indicativo de que existe efectivamente insegurança e pode também trazer a noção de que muitos provavelmente são obrigados a fazer isso de forma pública para mostrar que, de facto, o partido não está fragmentado”, avalia.
Muitos legisladores do grupo parlamentar do MPLA também entraram na onda com a frase “Eu Sou Deputado do MPLA e Estou com JLo”.
Entre eles estão Luís Damião, Rui Falcão e Esteves Hilário:
O jurista e analista político, Ekundy Chissolocombe, também considera normal.
“Porque não só se enquadra no âmbito das suas liberdades e direitos, mas também são deveres consagrados nos estatutos do seu partido. Em momentos de crise os militantes devem apoiar o seu líder demonstrando solidariedade.”
Contudo, Chissolocombe apela ao uso da consciência por parte dos militantes do MPLA.
“Porque nem sempre devemos apoiar quando as coisas estão erradas. O que o grupo parlamentar da UNITA levanta, neste momento, é o incumprimento constitucional. Devem sim, os militantes, ir a fundo se existem ou não as acusações que a UNITA faz ao Presidente da República para, então, em consciência procurar fazer a sua defesa,” pondera.
Por sua vez, Inocêncio de Brito também apela ao uso da “consciência cidadã” por parte dos membros do MPLA, até mesmo para criticar quando algumas políticas de governação estiverem a ser mal executadas.
“Porque o partido é só uma parte do país. E o país diz respeito a todos nós, independentemente de serem do partido do MPLA ou não, porque as consequências são vividas por todos nós,” conclui. DW África