NO ZAIRE: JOVENS CHAMADOS A ADOPTAR VALORES PARA REPUDIAR PRÁTICAS DE CORRUPÇÃO
O governador da província do Zaire, Adriano Mendes de Carvalho, incentivou, quinta-feira, em Mbanza Kongo, as instituições de ensino, tanto públicas, como privadas, a orientarem aos jovens e adolescentes valores capazes de gerar repúdio perante as práticas de corrupção e crimes conexos, com vista a prevenir o mal na sociedade.
O governante fez este incentivo durante a sessão de abertura de um encontro de auscultação sobre o Projecto de Estratégia Nacional de Prevenção e Repressão da Corrupção, promovido pela delegação provincial da Justiça e Direitos Humanos.
Adriano Mendes de Carvalho considerou a corrupção como sendo o pior inimigo que existe na sociedade, uma vez que destrói recursos públicos, amplia as desigualdades económicas e sociais, reduz a confiança dos cidadãos nas instituições, além de constituir um grande obstáculo ao Estado Democrático e de Direito, pelo facto de inviabilizar o exercício dos direitos fundamentais.
“A corrupção compromete a realização do direito das crianças à educação, à saúde, à alimentação, e não são poucas as vezes que o poder da corrupção tira a vida ao ser humano, porque o servidor do Estado, pago para prestar assistência médica gratuita ao cidadão, trocou a ética e a deontologia profissional pela famosa gasosa, ou porque o gestor público desviou o dinheiro destinado à construção do sistema de abastecimento de água potável à população”, frisou o governador.
Segundo Adriano Mendes de Carvalho, o contrabando de combustível tem sido alimentado por um corruptor e por um corrompido, cujo processo, inclui, também, personalidades que seriam a reserva moral da sociedade.
“Só há contrabando de combustível porque existe o corruptor e o corrompido, infelizmente, incluindo personalidades que dariam lição de moral à sociedade sobre essa problemática”, criticou.
Para a inversão deste quadro sombrio, Adriano Mendes de Carvalho sugeriu o envolvimento das instituições escolares para a promoção de um sistema que previna a criminalidade económica e financeira, assim como a corrupção, através da tomada de medidas consistentes.
“É importante haver o reforço do papel das escolas, que devem transmitir aos jovens e adolescentes, valores capazes de gerar repúdio perante as práticas de corrupção e crimes conexos, bem como a capacitação de gestores públicos para a melhoria dos seus conhecimentos sobre as boas práticas de gestão da coisa pública”, constam das medidas sugeridas por Adriano Mendes de Carvalho.
O governador do Zaire apelou, também, ao reforço da articulação entre os órgãos de administração da Justiça, assim como a celeridade no tratamento de casos de criminalidade económica e financeira, bem como de corrupção e tráfico de influência, para que o cidadão tenha confiança na justiça e acredite no combate à corrupção.
“A assunção de um sério compromisso com a pátria, tanto por parte dos gestores públicos, como por parte dos órgãos de administração da Justiça, porque só se pode combater a corrupção se todos nós estivermos comprometidos com os mais altos valores da pátria, essa pátria que nos ordena a lutarmos contra este e outros males que grassam o nosso país”, acrescentou Adriano Mendes de Carvalho.
Tendo em conta o envolvimento de toda a sociedade, o governador do Zaire apelou à população a ganhar a cultura de denúncia de todos os casos de corrupção e tráfico de influência que se verificam a nível das instituições públicas.
“Aproveitamos esta oportunidade para apelar à população para a cultura da denúncia dos casos de corrupção e tráfico de influência nas instituições públicas, mas desde que sejam bem fundamentadas, para que não caiamos na onda de perseguições em nome do combate à corrupção, ou seja, a calúnia e a difamação não podem servir de mecanismos para atingir esta ou aquela individualidade”, apelou.
Durante o encontro de auscultação, que decorreu no II Edifício do Governo do Zaire, na cidade de Mbanza Kongo, três temas, nomeadamente “Diagnóstico sobre o estado da corrupção em Angola”, “Acções sobre eixos da prevenção e detenção” e “Acções sobre eixos de repressão” estiveram em abordagem, tendo servido, igualmente, para colher contribuições dos cidadãos de diversos extractos da sociedade, para o seu envolvimento ao processo de combate à corrupção.
O académico Mendonça Jamba considerou oportuno o encontro, no sentido de controlar e diminuir o mal, uma vez que a corrupção não acaba, enquanto crime, mas pode ser prevenido, daí o Governo trazer à discussão o tema para que todos possam contribuir no seu combate.
“A corrupção é um mal que corrói a sociedade, enferma as famílias e interfere no sentimento de segurança dos cidadãos, por outro, serve de um meio de intervenção no comportamento do indivíduo ou cidadão, cuja solução passa por olhar na auto-instrução ou seja, olhar para o indivíduo, não apenas, como um ente público, jurídico, mas, também, como ente social”, frisou.
Quanto ao comportamento que leva o indivíduo a praticar o crime de corrupção, segundo Mendonça Jamba, a actuação da sociedade não se deve consubstanciar apenas na reprovação ou na violação de uma lei, mas também, no aspecto biológico da pessoa.
“É preciso olhar na componente biológica e psicológica do ser humano, porque existem comportamentos que são inatos, como, por exemplo, as necessidades biológicas falam muito alto e elas, por vezes, são difíceis de serem satisfeitas e, na medida em que, nós nos sentimos insatisfeitos procuramos satisfazê-las de outro jeito. Daí surge, a teoria de hereditariedade que consiste em lutar pela vida. Aprende-se através do consciente e subconsciente, da interacção social e da experiência que vivemos no dia-a-dia”, referiu para sugerir que a prevenção da corrupção deve começar nas famílias porque, disse, só assim se pode controlá-la ou diminuí-la.
Por seu turno, o gestor escolar José Sebastião disse que, o combate à corrupção na sociedade angolana passa, antes de mais, na sinceridade do indivíduo que gere o bem público, bem como inculcar nele o sentimento de patriotismo.
“Para combater a corrupção, primeiro deve-se trabalhar a consciência do gestor, bem como da população em geral. Na minha opinião, por tudo quanto foi abordado no encontro, conclui-se que o gestor precisa do apoio das autoridades e vice-versa, no sentido de elevar o seu sentimento humano e patriótico”, afirmou.
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