LUANDA, CEMITÉRIO DOS MILITANTES DO MPLA
É uma afirmação de um membro do Bureau Político do MPLA que ficou célebre.
O Presidente da República é, na prática, o governador de Luanda.
A Constituição estabelece que tem o poder de nomear e exonerar os governadores e mais: os auxiliares do governador. Ou seja, os vice -governadores (artigo 119).
Tantos poderes num só homem seria, porventura, melhor coroa-lo rei.
Isto nas suas funções combinadas de Chefe de Estado, Presidente da República e Titular do Poder Executivo.
O governador exerce poderes delegados e até para nomear os seus auxiliares o governador depende do Presidente.
Mas, é o que está na previsão do ordenamento jurídico angolano e como a Constituição dispõe, os governadores têm para com ele uma relação de subordinação.
Em Outubro de 2022, por exemplo, o Presidente da República nomeou um enorme número de auxiliares dos auxiliares dos governadores de dezoito (18) províncias.
De uma assentada. Luanda não é somente o cemitério dos quadros do MPLA; Luanda tem um potencial para enterrar qualquer governador.
Luanda já foi governada por um triunvirato. Desconseguiram. Aníbal Rocha e Sérgio Rescova, porventura os governadores mais “bem amados”, também experimentaram o poder do rolo compressor.
Talvez, em primeira instância, a culpa possa ser atribuída à “senhora autoridade” ou a ausência dela, conforme se queixa o governador-militante da vez, Manuel Homem (na foto).
Certa vez, um governador disse que “todos mandam em Luanda.” Não é difícil imaginar quem são esses “todos “.
Luanda tem hoje quase a mesma população de Portugal. Um governador para 11 milhões habitantes.
A ambulância para chegar ao Cazenga profundo, mesmo que parta de um quartel próximo da administração local, demora a chegar e previsivelmente sem água.
Os jovens (até 25 anos) saberão que Luanda foi governada por Lourenço Vaz Contreiras, Romão da Silva ou ainda, Mendes de Carvalho, Mariano “Puku”, Evaristo Domingos “Kimba” e até pelo diplomata Afonso Van-Dunem “Mbinda”.
Num feriado, um cidadão que mora na centralidade do Kilamba foi obrigado a viajar até aos Combatentes para pagar a luz na sede da ENDE, na Paiva Couceiro.
Portanto, autarquias e mais autarquias. Já não se contam pelos dedos das mãos os governadores que os cidadãos tentaram empurrar para frente e a carruagem, ainda assim, não andou.
Os cidadãos certamente se sentirão mobilizados pelo actual governador se ele mostrar a fórmula mágica que tem para, de uma vez por todas, tirar Luanda da situação de unidade administrativa caótica. Senão, será mais um militante do MPLA a caminho do cemitério.
A não ser que, por alguma mágica ou melhor opinião, a governação de Luanda por delegação do poder presidencial, prove que é melhor do que as autarquias.